Calainho, ex-Sony Music, investe no mundo da arte digital com sistema NFT

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Coleções de arte, música ou vídeo ficam reunidas em um tipo de chave eletrônica criptográfica, conhecida como NFT, mercado que vem movimentando milhões de dólares no cenário internacional

Por Juliana Schincariol, Valor — Rio

Para entrar nesse novo mercado, o empresário Luiz Calainho criou a Digitiva – união da Musickeria com o grupo Stonoex

O empresário Luiz Calainho quer figurar entre os pioneiros na adoção de uma nova tecnologia que permite aos colecionadores acessarem seus acervos digitais. Coleções de arte, música ou vídeo, por exemplo, ficam reunidas em um tipo de chave eletrônica criptográfica, conhecida como NFT (sigla para “non-fungible token”, ou token não fungível). Trata-se de um mercado que vem movimentando milhões de dólares no cenário internacional.

Com o NFT, ou criptocolecionável, o usuário pode fazer transações de seus itens digitais. No caso de coleções de arte, em vez de receber um quadro para pendurar na parede, por exemplo, o colecionador acessa um arquivo digital, com base na tecnologia blockchain. Recentes transações no exterior envolveram não só arte e música, mas também produção de conteúdo, com a venda de memes e do primeiro post no Twitter.

O blockchain, um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de dados, como criptomoedas, é crucial para a criação de NFTs. A tecnologia possibilita que tudo o que for registrado por esse meio seja imutável e enviado da mesma forma e ao mesmo tempo para todas as partes envolvidas, evitando fraudes.

Quando o NFT é aplicado a uma obra de arte ou outro conteúdo, o recurso funciona como uma garantia de propriedade intelectual e atesta que aquele produto é único. Quem paga por um desses tokens ganha o direito de transferi-lo para sua carteira digital. Nas transações, a moeda utilizada, em geral, é um criptoativo, como bitcoin ou ether.

Para Calainho, o meio artístico não está completamente digitalizado, a despeito de fazer uso da tecnologia — com a realização de shows ao vivo pela internet ou interação com fãs nas redes sociais. E esse é um cenário que o NFT promete mudar.

O ex-executivo da Sony Music hoje está à frente de empreendimentos no Brasil na área de entretenimento, como o clube de jazz Blue Note e a produtora de musicais Aventura. Para entrar nesse mercado, criou a Digitiva, união da Musickeria — negócio especializado em música — com o grupo Stonoex — especialista na tecnologia blockchain e exchange de criptoativos, como são chamadas as corretoras desses ativos. A empresa tem Ricardo Azevedo entre os sócios, que também é um dos investidores do Blue Note Rio.

Além de Calainho, há mais interessados no potencial do mercado brasileiro de NFTs. A plataforma de criptomoedas Binance já anunciou que lançará em junho um marketplace, ou shopping virtual, e plataforma de negociação desses tokens. Alguns artistas brasileiros tentam aderir à tendência. É o caso de Pablo Vittar, que informou em seu perfil do Twitter que está trabalhando em ‘um grande projeto NFT’, sem detalhar.

A Digitiva terá como um de seus negócios uma consultoria voltada à transformação digital do artista. Entre as possibilidades, o cantor ou a gravadora, por exemplo, terá acesso a uma plataforma onde pode oferecer, de forma exclusiva, músicas, letras ou áudios, assim como experiências, como encontros. Haverá uma área de artes visuais, para compra e venda de obras digitais, em edições limitadas.

Será criada também uma “fintech”. Essa startup de tecnologia financeira terá foco na antecipação de ativos envolvendo a produção artística musical: royalties fonográficos ou autorais, patrocínios, bilheteria ou contrato de shows e publicidade.

Foi por meio de uma NTF que o presidente do Twitter, Jack Dorsey, vendeu seu primeiro post por quase US$ 3 milhões. No mundo da música, especialidade de Calainho, a banda americana Kings of Leon lançou um álbum incluindo versões em NFT com certos benefícios exclusivos, como localização privilegiada nos shows ao vivo, álbum especial e artes diferenciadas. Com isso, levantou mais de US$ 10 milhões

As músicas estavam disponíveis na plataforma Spotify, podendo ser ouvidas até de forma gratuita. “Mas quem comprou o token teve diferenciais. O artista poderá espalhar a sua arte como nunca jamais se imaginou”, afirma Azevedo.

Até mesmo memes que viralizaram na internet já começam a ser comercializados. Na semana passada, uma foto original de uma criança sorrindo em frente a um incêndio, em 2005, que ficou conhecida como “Disaster Girl”, foi leiloada como um NTF por US$ 500 mil. A garota, hoje com 21 anos, também terá direito a 10% sobre o valor das futuras transações envolvendo seu token

“O Brasil está na liderança global de produção de conteúdo digital. Sem sombra de dúvidas, os NFTs serão uma ótima oportunidade”, diz o presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), Vitor Magnani.

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